Tantos anos de vida

Adapto para meu aniversário desse ano um texto que escrevi em 2020 quando fiz 42 anos, sem nem imaginar que teria a percepção de passagem do tempo sequestrada pela pandemia meses depois.

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Chego hoje aos 46 anos com certo espanto.

É engraçado me encontrar tão longe no futuro (pensem só: 2024!) e ao mesmo tempo, no coração, algumas vivências parecerem ter se dado outro dia. A pandemia, como uma neblina, não deixa eu ver essa passagem de tempo tão claramente.

Às vezes não me sinto um homem de mais de 40 (quase 50!), assim como tampouco me sinto jovem.

Essa atemporalidade interna está aqui dentro, orquestrando meus pensamentos, me fazendo entender melhor os adultos na minha infância contando suas histórias e se perdendo no “quando”.

Como um bode no alto duma montanha sem saber muito ao certo como chegou lá em cima, sem fazer ideia de como chegará lá embaixo. Estou com uma sensação, como bem disse meu amigo Hugo Moss hoje cedo, de quem está na divisão de Atos de uma peça.

Mas com muito mais pelos brancos na barba do que achei que teria, menos dinheiro no banco do que preciso, mais lembranças boas do que se quer imaginei, menos amarguras do que achei que guardei até aqui, mais experiências incríveis do que a vida me negou.

Sobretudo menos entendimento sobre as coisas da vida do que a juventude me prometeu. E isso é bom.

Dou boas vindas à minha nova idade.

Espero que seja um bom ano.❤