A bandeira nacional sempre à mão

Pacha Urbano
2 min readSep 12, 2021

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Sempre achei meio patética a ideia de patriotismo, símbolos pátrios essas merdas. Até porque aqui no Brasil isso serviu só para forrar o ambiente do futebol em Copa do Mundo, aquelas corridas do Senna e as piores desculpas políticas para lesar o povo brasileiro.

Daí, de 2013 para cá, toda a estética bandeirosa brasileira vem embrulhando o meu estômago e aumentando ainda mais o meu asco pelas pessoas que fazem uso do discurso patriótico para endossar seus preconceitos e desvios morais.

Defender o Brasil deveria ser entendido como defender uma vida melhor, digna, para os milhões de brasileiros e brasileiras que vivem de maneira miserável e com seus direitos constantemente vilipendiado por quem evacua o discurso patriótico.

Quem, minimamente esclarecido, não se surpreendeu com a eleição de 2018? Quem não achou, de verdade, que o Brasil não cairia nessa? Às vezes tô ali lavando uns pratos, com a barriga encostada na pia da cozinha, um pé apoiado no joelho da outra perna, me pego pensando: “Caraleo, qualquer outra pessoa seria melhor como presidente que esse escroto do Bolsonaro.”

Mas caímos, caímos todos. Os otimistas, que achavam que não ia ter golpe (e teve), que ia ter fora Temer (e ele ficou até o fim), que ele não (e ele tá aí até agora), e os pessimistas, que achavam que se tá pior, vai piorar, e nem sequer imaginavam o quanto piorou. E tudo isso com a bandeira nacional sendo usada e abusada, até como lenço para assoar o catarro e o muco, a bandeira foi usada pelo filho do presidente.

Os símbolos pátrios não foram sequestrados do povo, até porque o povo brasileiro nunca foi instruído a entender o que é o Brasil. E a prova foi alçar à presidência do país o político mais sujo e incompetente da história, alavancado pelos militares, maiores representantes dessa ideia viciada e ignóbil de patriotismo de cartolina.

Ir para a rua arrotar patriotismo, e pisotear pessoas desabrigadas, pessoas no cárcere, pessoas mortas diariamente pela mão do estado, pessoas cujas merendas escolares foram roubadas, pessoas que são relegadas à invisibilidade das estatísticas, pessoas morrendo por falta de vacinas e leitos de hospital, é apenas contribuir com a fedentina geral.

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